Westworld | Season 1

abril 19, 2018


Assistir Westworld é ter a certeza de estar assistindo uma produção gigantesca, arquitetada com muita inteligência e executada com perfeição. E nesse sentido, é impressionante como a HBO não cansa de se superar. Suas produções crescem cada vez mais, se tornam cada vez mais ambiciosas, cada vez mais corajosas e seus acertos se acumulam aos montes. Westworld é um retrato da soberania da HBO quando o assunto são as séries para televisão.

O projeto arquitetado pelo incrível Jonathan Nolan, corresponsável por quase todos os trabalhos de Christopher Nolan, é impecável. A trama segue um ritmo muito cadenciado. As coisas vão acontecendo no tempo que precisam acontecer. As coisas são mostradas na hora que precisam ser mostradas. Os personagens vão sendo apresentados sem pressa. Jonathan Nolan, mantém o controle da trama e do ritmo com uma mão bem segura. A série transcorre de forma que você entende. Eles sabem absolutamente tudo o que estão fazendo.

A premissa da série é fantástica. Westworld é um parque com o tema “Western”, onde pessoas pagam cerca de 40 mil para viver um dia no Velho-oeste. Essa experiência é completamente imersiva. Você pode fazer absolutamente tudo o que quiser, sem julgamentos e sem avaliações. O ponto é que o parque é dividido entre Humanos e Máquinas. Existem máquinas extremamente reais, com personalidade, background e com uma narrativa a cumprir. Isso significa que você é colocado em um mundo onde tudo, absolutamente tudo, tem uma razão de ser. Enfim, são inteligências artificiais realmente inteligentes, e isso é possível pelos avanços tecnológicos – A série é ambientada em 2050 – e pela genialidade do Dr. Robert Ford (Anthony Hopkins) e Arnold, os dois idealizadores do parque.

A partir dessa premissa, nós acompanhamos várias narrativas paralelas. Acompanhamos a narrativa de visitantes do parque, acompanhamos a narrativa de alguns personagens, acompanhamos a narrativa do Dr. Robert Ford tentando manter o controle do parque, mesmo em meio a pressão da diretoria, enfim.... Westworld é uma série gigantesca, com muitos personagens primários, muitos personagens secundários e muitas narrativas paralelas.

São muitos personagens e muitas narrativas, o ponto interessante sobre isso, é que tudo parece ter uma base enorme, cada personagem tem um background, por mais coadjuvante que seja. Toda narrativa tem seus desdobramentos. Isso evidencia o trabalho muito bem feito de roteiro e construção de mundo.

Outro ponto interessantíssimo, é a coragem da série em apresentar discussões e temas complexos, sem mastigar demais as coisas. A série apresenta uma discussão filosófica muito antiga, sobre a natureza da nossa realidade e o faz de forma orgânica, é o plot da história. Ela não para e desenvolve esse conceito, ela vai apresentando esse conceito aos poucos, até o final da primeira temporada, quando você está no chão juntando os pedaços do seu cérebro que caíram durante a explosão.

Fica maçante ficar elogiando a produção da HBO, mas é inevitável. O trabalho que a emissora realiza é maravilhoso e em Westworld isso fica ainda mais evidente. A começar pelo Casting dessa série que talvez seja a coisa mais absurda que eu já tenha visto. Nós temos Evan Rachel Wood, Jeffrey Wright, Ed Harris, Anthony Hopkins, Thandie Newton, James Marsden, Jimmi Simpson, Ben Barnes, Tessa Thompson, Rodrigo Santoro…. Todos esses rostos muito conhecidos, dispostos entre personagens principais e coadjuvantes, todos funcionando muito bem, com atuações consistentes e importantes para a trama.

Destaco Anthony Hopkins que esbanja técnica, experiência e mostra sua qualidade como Dr. Robert Ford, um homem misterioso, um papel cheio de nuances. Há um momento em que ele entrega uma sequência de expressões faciais incríveis, em poucos segundos. Destaco também Evan Rachel Wood, que na série interpreta Dolores, uma máquina que possui uma narrativa e precisa cumpri-la. Há um momento fantástico, onde um técnico do parque interage com ela e ela demonstra euforia, mas no momento seguinte ele emite um comando e ela precisa fechar o rosto imediatamente e chorar. E ela entrega exatamente isso. É fantástico. Por fim destaco Jeffrey Wright, como Bernard Lowe, um dos programadores do parque. E de verdade, a atuação dele é incrível. Ele convence demais, nos deixando muito confusos em um determinado momento da trama.

A série possui uma ambientação de Western dentro do parque, então a fotografia traz vários elementos da fotografia típica dos westerns do século passado. Homenageia muito Sérgio Leone, Clint Eastwood etc....

Um ponto interessante é a brincadeira que a série faz em sua trilha sonora. E aqui, temos o ótimo Ramin Djawadi, que também é o responsável pela trilha brilhante da 6º temporada de Game of Thrones. Ele realiza mais um trabalho fantástico na série, com uma trilha instrumental belíssima e com um elemento interessante de jogar nesse western, algumas músicas pop’s dos nossos tempos. Então temos Amy Winehouse, Adele, Radiohead, Nirvana etc..... É um pontinho interessante que você nota e acaba sendo bem divertido.

Jonathan Nolan é o principal nome do projeto, mas a direção é bem dividida. O próprio Nolan dirige apenas dois episódios. Richard J.Lewis dirige 3 episódios e até Michelle MacLaren (The Deuce) também dá sua contribuição dirigindo 1 episódio.

O que mais me chama atenção é a veia filosófica que a série apresenta. É uma premissa muito interessante, que nos é apresentada de uma forma muito inteligente. Westworld em sua primeira temporada é uma série fantástica. Um universo gigantesco que se abre para nós e é também, sem dúvida alguma, uma obra da cultura pop com potencial para transformar o universo das séries, através de sua proposta filosófica e complexa. CHEGA DE MEDIOCRIDADE!

PS: O primeiro episódio da 2º temporada será transmitido no dia 22/04/2018

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