Um Lugar Silencioso | Uma Experiência de Tensão Total

abril 16, 2018


Um Lugar Silencioso é um filme simplesmente fantástico! Uma experiência de angustia, tensão e ansiedade completa. Um filme em que a técnica grita sua qualidade com a doçura de um sussurro. Um filme em que a execução consegue ser tão boa quanto a ideia. Sim! Um Lugar Silencioso é tudo isso e muito mais!

Nosso mundo está tomado por criaturas assustadoras e letais. Nós não sabemos o que aconteceu para que essas criaturas surgissem, mas sabemos que o mundo todo foi tomado e sabemos também que essas criaturas são guiadas pelo som. Seu sistema auditivo é muito poderoso, então sua presa é descoberta a partir do barulho mais silencioso, e então não há muito o que ser feito. O mundo se tornou Um Lugar Silencioso, porque se existe alguma segurança, se existe alguma chance, essa chance está no silêncio.

Essa proposta inicial é brilhante. Particularmente, amo ver essas tramas distópicas/apocalípticas. Sempre são tramas que provocam a contemplação, que provocam o pensamento no: “SE”. Isso é muito bom, porque estamos acostumados com uma vida segura, mas a verdade é que basta um pilar da sociedade ocidental ruir para que tudo venha abaixo, e diante de tudo o que temos visto, a questão é: Dá para duvidar?

Trazendo  o PLOT da história outra vez para a conversa, o mundo está assolado por essas criaturas e todos precisam fazer silêncio se almejam sobreviver. Aproveitando isso, o filme entrega na maior parte do tempo o silêncio como trilha. Você consegue ouvir os passos na areia, consegue ouvir o ranger da madeira, o barulho do vento nas árvores, do rio. Você é levado para junto dessa família que tenta sobreviver e acaba sendo completamente imerso nessa tensão. O silêncio do filme é assustador, porque você sabe que uma daquelas criaturas assombrosas pode estar por perto. Você se coloca na ponta da cadeira e torce silenciosamente para que eles continuem em silêncio. A trilha sonora do filme é muito pontual e na maior parte do tempo dá espaço para os efeitos sonoros, que são extremamente precisos e aumentam muito a tensão sempre que estão presentes.

As criaturas emitem um som espectral, um som redondo, que como um bumerangue faz uma volta completa por trás de você, tirando completamente a sua noção de espaço. Você não sabe onde a criatura está, de onde ela vem ou por onde ela vai chegar, mas você sabe que no momento em que aquele som, aquele maldito som surge, algo ruim está para acontecer, então você se encolhe na cadeira e reza aos deuses para que aquela família fique em silêncio.

O começo do filme é cadenciado, mas ajuda muito você a construir uma identificação com os personagens. O começo também nos ajuda a entender a ambientação da história e o mais incrível, há um momento longo em que não existe nenhum tipo de diálogo, nem mesmo na linguagem dos sinais. Você fica se preparando, durante todo esse momento para o pior, e quando aquilo finalmente acaba, você respira e percebe que prendeu a respiração durante todo aquele tempo, talvez até tenha batido algum record, mas ninguém jamais saberá.

O começo é cadenciado, mas é extremamente corajoso. A cena da ponte, que inclusive aprece nos trailers, é fantástica! E John Krasinsk, o “Tim” de “The Office”, nos mostra muita versatilidade, criatividade e confiança, porque todo primeiro ato é filmado com câmeras extremamente criativas.

O Roteiro é maravilhoso, principalmente porque conseguiu incluir subtramas densas, em uma trama principal pesadíssima. Então o filme tem algumas camadas que são emocionalmente muito complexas e pesadas. O filme consegue acompanhar o roteiro, desenvolvendo os personagens e as tramas com muita naturalidade e eficácia.

O desenvolvimento dos personagens é muito bem feito, o roteiro dá muito peso a cada um deles. Fica o destaque para a atuação das duas crianças, o garoto Noah Jupe, que trabalhou no filme “Extraordinário” e para a garota Millicent Simmonds, que é deficiente auditiva e pensando no contexto do filme, de trabalhar o silêncio e o som, ela com certeza somou muito para a trama com sua experiência de vida. John Krasinski é um velho conhecido da comédia, mas aqui, assim como Jordan Peele (Corra), entrega um filme fantástico de suspense, tensão, terror e horror. Sua atuação é boa, e sua direção surpreende, então fico feliz com seu trabalho como diretor e bastante ansioso por ver mais de Krasinski ocupando a cadeira de Diretor e entregando mais bons filmes.

Agora, para finalizar a parte das atuações, eu gostaria de gritar: EMILY BLUNT O QUE DIABOS VOCÊ FEZ!? Meu Deus! A atuação dessa mulher é INCRÍVEL!

Emily Blunt tem uma atuação memorável em Um Lugar Silencioso. Há uma sequência insana de cenas em que ela entrega um milhão de expressões faciais, entrega uma dor sobre-humana, entrega uma mãe querendo proteger os seus filhos, e faz tudo isso de uma forma extremamente real e crível. Eu quero muito falar sobre a cena em si, mas seria uma spoiler e eu odeio spoilers, então por favor vejam esse filme e aplaudam Emily Blunt!

Agora para finalizar mesmo, eu gostaria de ressaltar o quão bom é esse filme. Um Lugar Silencioso é a união de um ótimo roteiro, com muito talento na direção e em toda a parte técnica do filme, desde a edição de som, design de som, direção de arte, até as atuações muito consistentes e claro Emily Blunt dando muito peso para o filme com sua atuação.

É um filme que pode e provavelmente vai te emocionar, principalmente no terceiro ato, quando o filme ganha um ritmo alucinante e ganha também uma carga dramática bem pesada com o desenvolvimento de uma das subtramas. Mas, também é um filme que pode te impressionar tecnicamente, e se você prestar bastante atenção, talvez até se apaixone por esse lado mais técnico.

Um Lugar Silencioso te coloca na ponta da poltrona. Te deixa tenso do início ao fim e por tudo isso, sem dúvida alguma, é um dos grandes acertos que vi no cinema nos últimos anos.

Se eu puder te dizer mais uma coisa: VEJA ESSE FILME NO CINEMA!

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