Trama Fantasma | Crítica

fevereiro 28, 2018



Trama Fantasma é a mais nova obra de Paul Thomas Anderson, um dos diretores mais respeitados e elogiados pela crítica. O filme conta com Daniel Day-Lewis como protagonista, neste que segundo o ator, foi seu último filme.

Reynolds Woodcook (Daniel Day-Lewis) é um grande estilista, que com a ajuda de sua Irmã Cyrill (Lesley Manville), produz vestidos para grandes personalidades, para a nobreza e para a elite britânica. Reynalds obtém sua inspiração das mulheres que conhece. Esse ciclo de conhecer uma mulher e manda-la embora é comum na casa Woodcook, entretanto com Alma (Vicky Krieps), a situação muda totalmente.

O filme é dirigido por Paul Thomas Anderson. Não há muito o que dizer sobre questões técnicas do filme, a não ser ressaltar sua perfeição. Paul Thomas Anderson guia seus filmes como um maestro, utilizando todos os elementos do audiovisual para contar suas histórias. Utiliza-se da música e do silêncio, principalmente do silêncio. Em Trama Fantasma, ele eleva o som dos efeitos sonoros para que nos sintamos como Reynolds, ouvindo Alma fazendo todos os barulhos possíveis enquanto está preparando sua torrada matinal. A direção de PTA é pensada, é planejada, é segura. Em Trama Fantasma, ele entrega mais um filme tecnicamente impecável.

A história em si é pequena, quero dizer, Reynolds é um gênio no que faz. As mulheres entram em sua vida para inspira-lo, e em troca recebem sua frieza e grosseria. Não é um personagem fácil. O plot da história é definido quando Alma passa a querer mais do que somente trazer inspiração a Reynolds. O filme a partir disso, se desenvolve com muitos diálogos, alguns até bastante engraçados, além da interação se intensificar entre Alma e Cyrill, uma relação de poucas palavras, mas de um "ciúme" pungente que está presente em todas as cenas que as duas estão compondo o quadro.

Daniel Day-lewis é fantástico como sempre. Entrega um personagem rude, áspero, chato, e o faz como ninguém mais poderia fazê-lo. É importante ressaltar a atuação de Leslie Manville, como Cyrill, a irmã de Reynolds. Ela tem uma atuação muito interessante, trabalhando o silêncio, e mesmo sendo uma coadjuvante de suporte para o protagonista, ela vai muito bem e em alguns momentos se destaca bastante, principalmente quando interage com Vicky Krieps. Vicky Krieps tem uma atuação muito sólida. Seu rosto quase inexpressivo, seu sorriso sem mostrar os dentes, sua forma de lidar com Cyrill e com o próprio Reynolds, sua atuação conversa com a personagem e com o tom do filme, portanto, não a vejo como um elemento que destoa dentro dessa ópera de Paul Thomas Anderson.

É importante lembrar que o filme se passa em 1950, e Paul Thomas Anderson demonstra seu zelo com a obra mais uma vez, ao nos fazer sentir a ambientação e a época do filme. A iluminação amarelada de inúmeras cenas, traz esse peso “envelhecido” ao filme, facilita a ambientação, bem como as cores esmaecidas.

Trama Fantasma é um bom filme. Um espetáculo técnico e visual. Uma história pequena, onde os personagens se mostram camada a camada. Paul Thomas Anderson nos dá um vestido costurado por suas próprias mãos, com o maior cuidado do mundo, sendo ajudado por Daniel Day-Lewis. Cada ponto dessa costura está em seu devido lugar. Palmas a Paul Thomas Anderson, e que os Deuses façam Daniel Day-Lewis adiar sua aposentadoria.

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