O Destino de uma Nação | Crítica
janeiro 13, 2018
Já vou começar elogiando, sem introdução mesmo. Então, lá vai:
Que filme bom da porra! Que atuação de Gary Oldman, puta que pariu. Que fotografia linda! Pronto. Tá na cara que gostei do filme, mas continuem a leitura, acho que vai valer a pena.
Que filme bom da porra! Que atuação de Gary Oldman, puta que pariu. Que fotografia linda! Pronto. Tá na cara que gostei do filme, mas continuem a leitura, acho que vai valer a pena.
O Destino de uma Nação, é
um filme biográfico, que tem como pano de fundo a segunda guerra mundial. Nós
acompanhamos de perto o desenrolar dos fatos, a partir da perspectiva de
Winston Churchill (Gary Oldman).
A Inglaterra, assim como
toda a Europa, estava sendo devorada pela Alemanha Nazista. Centenas de
milhares de ingleses e franceses estavam encurralados em Dunkirk, cerca de 400
mil soldados. O parlamento inglês está pegando fogo, e o primeiro-ministro renúncia
após sofrer muita pressão da oposição. O partido precisa indicar alguém que
consiga manter a conversa aberta entre os dois partidos, e consiga lidar com a
iminente derrota da Inglaterra e da Europa ante a ameaça nazista.
Winston Churchill, como bem
sabemos, não era a primeira opção. Definitivamente não era. No início do filme,
em algumas cenas são mostradas por meio de diálogos de membros do partido, e
até de Vossa Majestade (Ben Mendelsohn), o medo que tinham todos, de nomear Winston,
tendo em vista uma sucessão de fracassos políticos e estratégicos, os seus maus hábitos e seu jeito “impulsivo”.
Já nesse primeiro momento,
somos introduzidos à rotina de Winston. Conhecemos sua esposa, seu braço
direito, e uma jovem moça que está começando a trabalhar para Churchill como
datilógrafa. A Esposa, Clemmie (Kristin Scott Thomas), o braço direito de Churchill, Anthony
(Samuel West) e Churchill, tem como um de seus grandes adversários o Visconde
Hallifax (Stephen Dillane – Stannis em Game Of Thrones), esses,
principalmente, são os personagens que aparecem o tempo todo durante o filme,
sempre com diálogos interessantes e bem humorados – O humor, inclusive, é um
ponto muito alto do filme, pois são muitos os momentos em que Churchill (Gary
Oldman) nos faz rir, seja com uma piada propriamente dita, ou com um de seus
trejeitos, ou com alguma “patada”, enfim, o filme tem uma dose perfeita de
humor −, mas quem recebe mais atenção, além do próprio Churchill, é a Senhorita
Layton (Lily James), que além de ser responsável por Datilografar os discursos de
Churchill, acaba desenvolvendo uma relação muito legal para a trama e bastante
harmônica. É sempre muito gosto vê-los juntos em cena, existe sintonia.
Então, nesse primeiro
cenário, temos a Inglaterra e a Europa sendo devastada pelo Nazismo, a França
prestes a se render, o parlamento britânico em chamas, o primeiro-ministro
renúncia, Winston assume cheio de desconfianças e inimigos.
E para cumprir com os
temores de todos aqueles que desconfiavam de Winston, ele assume o cargo e dá
logo o tom da conversa. Não haverá rendição, não haverá paz com Hitler, e a
Inglaterra se reerguerá e sairá vitoriosa dessa guerra. Esse discurso, soava
como loucura aos ouvidos de todos os que estavam a par dos acontecimentos e do
avanço nazista pela Europa, no entanto, Churchill acreditava piamente nisso,
mesmo temendo em inúmeros momentos, e enfrentando a resistência de seu comitê
de guerra.
Churchill, interpretado por
Gary Oldman, é um personagem maravilhoso, encantador, engraçado, particular,
único. Cada diálogo de Churchill, seja com a esposa, com seu braço direito, com
a Srta. Layton ou até mesmo com o Rei George VI, é cercado de sua personalidade
gritante. O humor, a acidez, o sarcasmo. O personagem é completo, é
tridimensional, é o verdadeiro protagonista, aquele que não rouba a cena para
si próprio atoa, mas é apoiado por um roteiro bem escrito, e um diretor que
sabe o que quer mostrar. Gary Oldman, é simplesmente MARAVILHOSO e eu ouso
dizer, que sua atuação é IMPECÁVEL.
Os telefonemas que
Churchill troca com o presidente dos Estados Unidos, ou com seu general, são
incríveis. Seus discursos para o parlamento, seu discurso para o povo pelo
rádio, são incríveis. A cena em que ele abandona o carro, e vai de metro para
Westminster, e no vagão encontra cidadãos britânicos e lá, conversa com cada um
deles, pergunta seus nomes, seus temores, e depois os guarda consigo, para ajudá-lo
a decidir-se em um momento de incerteza. Churchill foi um dos grandes
responsáveis pela mudança dos rumos da guerra, quando se manteve firme e
confiante, mesmo diante da iminente derrota. Aos poucos, transformou a
desconfiança em confiança, conquistando inclusive o próprio Rei George VI.
Dunkirk era a salvação e a
única esperança para a Inglaterra. Churchill convoca os civis e seus barcos,
numa missão maluca, chamada de “Dínamo”. O Resultado foi de 300-400 mil
soldados evacuados de Dunkirk, em meio aos bombardeios alemães. Fato esse que
foi narrado por Christopher Nolan, em “Dunkirk”, filme que também está muito
forte na corrida pelo Oscar de Melhor filme.
Churchill teve a coragem
necessária para tomar decisões difíceis, para sacrificar, para vencer.
O filme biográfico de
Churchill, até por ser Dirigido por Joe Wright, um Inglês, é bastante heroico,
tal como Dunkirk, que também é dirigido por um inglês.
Alguns meses após o fim da
guerra, Churchill foi derrotado em eleições, mas fica seu legado de ter
exercido um papel fundamental na derrocada do partido nazista e na queda de
Hitler.
-
Não acabou. Esse é o plot
da história, o enredo, a narrativa. Agora, vou para questões mais técnicas do
filme, e se você é apaixonado por cinema, provavelmente vai gostar do que vêm
pela frente.
-
Joe Wright, é o diretor de “O
Destino de uma Nação”, um inglês que tem em seu histórico um relacionamento
bastante interessante com as obras clássicas da Inglaterra. O Diretor, adaptou
as obras “Orgulho e Preconceito”, “Desejo e reparação”, ambas de Jane Austen ,
e dirigiu o excelente “Nosedive” em Black Mirror – Aquele em que a garota vive
uma vida falsa para aumentar sua nota social – e pode se orgulhar de ter levado
a maravilhosa Keira Knightley, a maravilhosa Saoirse Ronan e agora Gary Oldman.
O Diretor mostra claramente
ao que veio em “O Destino de uma nação”, o filme todo é muito belo. Você vê que
a câmera está onde ela deve estar. A cena em que Chamberlain é escorraçado no Parlamento,
começa a ser filmada de cima, e nós temos o panorama total da desordem e calor
daquela sala, naquele momento. A cena em que A Srta. Layton vê Churchill pela
primeira vez, posto em cima da cama no escuro, iluminado tão somente pela fraca
luz do Fósforo que acende o seu charuto. A cena em que Winston vai falar com o
Rei, e temos aquela perspectiva do corredor. A fotografia do filme, a direção
das câmeras, a iluminação, paleta de cores, é evidente que o filme foi
carinhosamente elaborado, foi carinhosamente dirigido, foi pensado e filmado
com muito apreço.
Gary Oldman, como já disse
acima, está simplesmente BRILHANTE. Sinceramente, não vejo outra possibilidade
para o Oscar, senão dá-lo com todos os méritos, honras e aplausos a Oldman, por
sua atuação com Winston Churchill. Ele não se transforma em Churchill, ele se
entrega, como disse Nathalia Bridi, em outra crítica sobre o filme.
Os trejeitos de Churchill,
a forma de andar, os murmúrios, as tosses, MEU DEUS. Aquilo que nós vimos durante
o filme, aquilo é uma atuação das mais dignas de aplausos que eu em minha
pequena vida de cinéfilo, já vi.
Oldman realmente dá as
cartas durante o filme, no entanto, isso só se faz possível, pois havia sim um
roteiro muito bem escrito. Um roteiro que levou em conta a guerra, o clima, o
medo, a incerteza, um roteiro que levou em conta o próprio Churchill. Enfim,
Gary Oldman merece o oscar, não me resta dúvida.
E aquela maquiagem? Meu
Deus! Eis outra oportunidade em que “O Destino de uma nação” se coloca como
forte concorrente. A Maquiagem de Gary Oldman, para Winston Churchill é do mais
alto nível, é formidável.
Meu Deus, o filme tem
tantas cenas belíssimas que se torna difícil falar de cada uma delas, mas
gostaria de ressaltar a cena do Metrô. Que cena linda. Temo que ao me estender
por mais algumas palavras, tornarei a repetir adjetivos e cada vez maiores e
com mais intensidade, até que terei de recorrer aos palavrões como fiz no
primeiro parágrafo. Pois, SIM! O filme é brilhante. SIM! Gary Oldman
interpretou um Winston Churchill que será inesquecível!
Para finalizar, quero
dizer:
O Filme é uma obra de arte.
Eu estou completamente apaixonado por esse filme. Joe Wright dirigiu o filme de
forma magistral, Gary Oldman teve uma das atuações mais brilhantes que já vi, os
coadjuvantes têm seu papel de importância na trama, a trilha sonora é
maravilhosa, a maquiagem, o figurino, a fotografia. Meu Deus! O filme é foda
pra caralho!
A corrida pelo Oscar neste
ano está duríssima. Temos, A Forma da Água, Lady Bird, Dunkirk, O Destino de
uma Nação, Três anúncios para um Crime, Me chame pelo seu Nome, etc.... Mas
gostaria de ressaltar, mais uma vez, o quão impressionante é, o fato da Segunda
Guerra Mundial continuar nos rendendo grandes filmes. Dentre os grandes cotados
para o Oscar desse ano, temos Dunkirk e O Destino de uma nação, ambos acabam
até se completando, e trazendo retratos belíssimos desse trágico período da
história humana.
Agora, para encerrar de
verdade. Vocês acreditam que Gary Oldman quis recusar o papel, pois não se
achava capaz de interpretar Winston Churchill?
Meu Deus! Só “O Destino de
uma nação” para me fazer dizer: Meu Deus....
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