Lady Bird | Crítica

janeiro 26, 2018


Lady Bird é um filme tão gostoso que você vai assistir toda santa vez que estiver passando nos “telecines” da vida.

O filme conta um recorte da história de Christine, ou Lady Bird, ou Christine ─ Você vai entender a troca de nomes ─.
É o último ano de Lady Bird no colégio, e ela está enfrentando típicos problemas dessa fase. Está enfrentando dificuldades com a família, principalmente com sua mãe, está naqueles momentos de descoberta sexual, descoberta amorosa, está com problemas de confiança e seu maior desejo é fazer faculdade bem longe de Sacramento. Para ela, estar naquela cidade é um dos fatores que a faz tão infeliz. Enfim, o plot é muito simples e já vimos essa história uma centena de vezes, mas é aquilo: Não é O QUE se conta, mas COMO se conta.

O filme é preciso, em passear por essa fase cheia de maluquices tratando todas essas situações com uma dose deliciosa de humor. 

Todas as cenas em que Lady Bird (Saoirse Ronan) e Sra. McPherson (Laurie Mercalf) contracenam, são fabulosas, hilárias e meu.... A relação das duas atrizes é harmônica e suave, mesmo enquanto suas personagens estão se digladiando, a cena flui com uma naturalidade absurda. O humor, o sarcasmo, as briguinhas. Pra mim o grande ponto alto do filme é a relação entre mãe e filha.

Lady Bird começa a namorar Danny O’ Neil (Lucas Hedges), e esse namoro nos leva a uma das cenas mais lindas, intensas e impactantes do filme. Danny está envergonhado e com medo, porque Christine havia descoberto algo sobre ele que lhe causaria problemas se viesse a tona. Quando eles se encontram, Danny se derrama em lágrimas e essa sequência de pequenos atos, culmina no ápice, um abraço apertado, sincerso e intenso, que nossa Lady Bird dá em Danny, consolando-o..... Esse abraço é simplesmente fortíssimo e nos fala tantas coisas sobre a vida e sobre quem somos, sabe? É forte demais!

Lady Bird vai se descobrindo e se perdendo durante o filme. Namora Kyle Scheible (Timothée Chalamet), perde a amizade de Julie Steffans (Beanie Feldstein), se aproxima da popular Jenna Walton (Odeya Rush). É uma sequência de subidas e descidas que compõe o 2º ato, mostrando as variações e os problemas que ela estava enfrentando para se encontrar.

Um outro ponto interessante é a relação de Christine com o pai (Tracy Letts). A relação entre os dois também é bem gostosa de se ver, é humorada e tem um carinho muito real. A química entre os dois é excelente.

O filme também traz a discussão sobre como o mercado de trabalho trata os "mais velhos". Até quando somos uteis? Até quando nós podemos executar uma tarefa com eficácia? Temos prazo de validade? Há uma cena em que o pai e o irmão de Lady Bird concorrem à uma mesma vaga, e nesse momento nós recebemos a resposta à todas essas perguntas. É uma cena interessantíssima, e uma discussão importante que foi inserida no filme de forma bem orgânica, sem forçação de barra.

O filme acaba lidando de perto com a religião, já que Lady Bird estuda em um colégio católico. O mais legal é que o filme não se limita a criticar a religião, mas trata todo aquele mini universo com um humor apurado e suave.

O conflito da parte final do filme é bem óbvio, e a resposta a esse conflito com a finalização do arco vivido por Christine é bem legal. Um fim de filme bem digno, com um jogo de câmera que para os mais atentos, dará um toque a mais na cena.

A direção de Greta Gerwig é simples, objetiva, e até despretensiosa. Existem alguns lances de câmera que são bem legais, mas a história acaba ficando pautada mesmo no roteiro, que também foi escrito por Greta Gerwig. Aparentemente, "Lady Bird" é a volta de Greta Gerwig ao seu próprio passado, e a sua relação com sua mãe.

A atuação da belíssima Saoisre Ronan é segura e cativante, e Laura Metcalf faz uma mãe verossímil e sarcástica, tal como todo boa mãe.

O Filme é excelente, simples e gostoso demais de se assistir. Esse é um daqueles filmes que vamos ver repetidas e repetidas vezes, e vai se tornar o queridinho de muita gente, pode apostar.


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