Deuses Americanos | Finalmente algo novo

março 21, 2018


Você mora na cidade há alguns bons anos. Já se acostumou com o ar denso e poluído dos grandes centros. Você vai para o interior. Muitas árvores, céu claro. Você enche seus pulmões de um ar puro, acha aquilo mágico. Seu pulmão está explodindo de alegria dentro do seu peito. American Gods é tipo essa sensação.

A série tem uma premissa fabulosa, é importante lembrar que é uma adaptação da obra de um dos mestres da fantasia, Neil Gaiman. Imagine que os Deuses Antigos, aqueles que foram adorados por Vikings, ou por povos africanos, gregos.... Esses Deuses acabaram perdendo o espaço e o poder, na medida que seus povos também foram sendo reduzidos ou aniquilados. Ao mesmo tempo, com o desenvolvimento das tecnologias e a mudança do homem, novos Deuses foram surgindo, como a televisão e os celulares. Imagine então que os Deuses antigos não estão contentes com isso. Imagine que eles farão algo para mudar essa situação. Cara, isso é genial!

A série possuí uma estética totalmente diferente, que aliada a essa premissa interessantíssima, rendem uma primeira temporada bem memorável.

A série manipula muito bem a imagem, causa um estranhamento no começo, mas é um estranhamento muito bom. O contraste berrando, os slow-motions, o sangue que jorra, a nudez escancarada. Eu gosto muito da forma como a produção lidou com a temática dos Deuses, porque a série realmente tem todo esse ar “místico”, que ganha força em momentos pontuais e contribui para a formação e compreensão dos personagens e da história no geral. A estética me remete muito a trabalhos de Zack Snyder, o que é bem bacana, por sinal.

O elenco da série também é muito interessante, a começar pelo grande Ian McShane, interpretando o Mr. Wednesday, pela pequena e ótima Emily Browning, interpretando Laura Moon e Pablo Schreiber, interpretando o Leprachaum. O protagonista da série é Ricky Whittle, que interpreta Shadow Moon, nosso laranja. Ele não vai mal, mas nota-se a diferença dentre ele e os outros atores citados acima. Peter Stormare e Orlando Jones tem pequenas, mas ótimas participações. Gosto muito dos personagens destes atores.

A série tem uma estrutura bem ousada, que eu particularmente não gosto muito, mas reconheço e apoio a iniciativa. Todo episódio tem um pequeno curta, alguns são animados, outros interpretados, mas todos fazem menção a essa mudança na forma como as pessoas executam sua fé. Esses curtinhas mostram a forma como alguns deuses se perderam, a forma como outros atuam ou passaram a atuar a partir da mudança do homem. Esses curtinhas são bem legais, eu gosto. Meu problema nasce no episódio 4, quando passamos um episódio inteiro acompanhando uma personagem secundária. Ela acaba recebendo um dos núcleos da série, ganhando mais tempo de tela e particularmente eu não gosto desse desvio que a série faz. A personagem é bem explorada, seu núcleo é bem desenvolvido, mas eu queria ver mais de Shadow Moon e Mr. Wednesday, esse desvio me incomoda e depois o núcleo da personagem ainda ganha um background histórico por meio de flashbacks, o que me incomoda mais ainda. Esse é o único ponto que eu realmente não gosto na série.

Se você já está cansado daquelas mesmas seriezinhas, daquela mesma estética batida e cansada, se você já está cansado das narrativas mais comuns, American Gods será um prato cheio para você devorar.

A série está disponível na Amazon Prime Vídeo. Recomendo a assinatura, você ganha 7 dias gratuitos, fica 6 meses pagando R$7,90 e depois o valor fica em R$14,90. O Streaming da Amazon tem algumas séries bem interessantes e um bom catálogo de clássicos do cinema.

American Gods é aquele arzinho puro que seu pulmão está precisando!

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